Páginas

sábado, 13 de janeiro de 2018

Alguns cuidados simples para você interpretar bem a Bíblia

Você já deve ter ouvido alguém se utilizar de um texto bíblico e atribuir a ele um sentido diferente do sentido comum das palavras. Essa prática é chamada de alegorização. Alegorizar é transformar as palavras das Bíblia em figuras sujeitas aos mais diversos significados.

Esse problema não é novo. Durante muitos anos a igreja sofreu com a variedade de sentidos que se davam à revelação de Deus nas Escrituras. Durante a Idade Média, muitas imposições eram feitas ao texto bíblico a fim de justificar algumas crenças de seus interpretes e da igreja Católica.

A correta intepretação da Bíblia requer que comecemos pelo caráter humano das Escrituras (1). As palavras que estão na Bíblia são revelações de Deus dadas a homens inspirados em seus contextos históricos os quais comunicaram essa revelação com um único sentido para os seus ouvintes. Com isso em mente nos livraremos dos equívocos da alegorização.

Vejamos alguns cuidados que precisamos ter ao fazer uma interpretação das Escrituras Sagradas.

ATENTE PARA AS PALAVRAS QUE O AUTOR BÍBLICO USOU EM SEU TEXTO

Há meios de comunicar uma mensagem. Alguém pode dizer oralmente o que deseja aos seus ouvintes. Certamente esse tipo de comunicação é muito eficiente para aqueles que ouvem a mensagem pessoalmente dos mensageiros, contudo, ela não terá a mesma eficiência quando passada de pessoa para pessoa durante anos. Daí a necessidade de documentar essa revelação.

Ao fazer a documentação da sua revelação Deus não anulou a história e as experiências dos seus autores. Eles transmitiram a vontade divina por meio das palavras que conheciam. Isso fica claro ao comparar o estilo e as palavras que Paulo e Pedro usaram na comunicação da revelação. O primeiro tem um estilo mais erudito, enquanto o segundo usa termos comuns. Deus não alterou o conhecimento deles, antes se utilizou daquilo que eles sabiam para comunicar sua vontade.

Ao ler a Bíblia observe cada palavra que os autores bíblicos utilizaram. Elas foram intencionalmente usadas na transmissão da vontade de Deus. Quanto mais você examinar os termos determinando o seu uso, mais próximo você estará da mente do escritor bíblico (e da mente de Deus).

Além disso, uma boa interpretação da Bíblia também leva em conta o contexto da passagem analisada.

ENTENDA O CONTEXTO DAS PALAVRAS

O contexto é determinante para o significado de uma palavra. Veja por exemplo o significado da palavra “manga” numa feira e numa loja de roupas. Provavelmente se você ouvir alguém pedir por uma manga numa feira logo saberá que se trata de uma fruta. Mas se, numa loja de roupas, você ouvi alguém reclamando de uma manga curta logo saberá que nesse contexto ela significa uma parte de uma camisa.

As palavras fora do seu contexto podem servir de base para uma heresia, um erro doutrinário. Sendo assim alguém pode negar até mesmo a existência de Deus com as próprias palavras da Bíblia. Veja o que é dito no Salmo 53.1: “Não há Deus”. Sem levar em consideração que o salmista afirma que é o insensato quem diz, alguém pode pegar essas palavras e usá-las como prova do seu ateísmo.

Ao interpretar a Bíblia leia o que diz as palavras anteriores e posteriores ao texto estudado. Em alguns casos, para se ter um entendimento maior das palavras, leia todo o livro onde a palavra está. É assim que garimpamos a intenção dos autores (e de Deus) ao nos transmitir a mensagem.

Por fim, ao interpretar um texto saiba que ele tem apenas um sentido.

BUSQUE O SENTIDO ÚNICO DO TEXTO BÍBLICO

O texto bíblico deve ser analisado de forma objetiva. Levando em consideração que ele tinha receptores específicos seu significado será único para todos que usarem os mesmos critérios de interpretação. Dessa forma livraremos as Escrituras de sofrer imposições subjetivas como acontecem com aqueles que leem a Bíblia buscando um significado que incentive suas decisões.

Em muitos lugares onde a Bíblia é utilizada apenas para justificar as intenções dos seus interpretes o resultado são ensinamentos bizarros e o distanciamento cada vez maior do Evangelho simples do nosso Senhor Jesus Cristo.

O Evangelho de Cristo é único é devemos entendê-lo segundo a intenção de Deus através dos seus autores. Qualquer ensinamento que vá além do significado ensinado pelos escritores bíblico deve ser considerado maldito. Como disse Paulo aos gálatas que estavam se inclinando a outro evangelho: “Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho... Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema” (Gl. 1.6,8 – grifo nosso).

Sempre que a sua interpretação bíblica divergir dos significados já cristalizados tenha a humildade para investigar um pouco mais o texto que você está analisando. Certifique-se de que os mesmos critérios estejam sendo empregados para determinar o sentido do texto. Assim você perceberá as divergências na interpretação.

CONCLUSÃO

A Bíblia é um livro divino e humano. Ela revela a vontade de Deus em linguagem humana a fim de que cheguemos à compreensão do grande amor de Deus por nós. Por isso, ao iniciarmos a interpretação das Escrituras devemos levar em consideração o caráter humano do texto bíblico. Dessa forma, nos livraremos dos erros da alegorização e a maldição de suas heresias.

Lembre-se de deixar o seu comentário.

Até o próximo post!

Confira também a ESCOLA DE PREGADORES no Youtube: Clique aqui.

(1) Ver PACKER, J. I. Teologia concisa: síntese dos fundamentos históricos da fé cristã. Campina: Luz Para o Caminho, 1998, p. 06.

Nenhum comentário:

Postar um comentário