Você já deve ter ouvido alguém se utilizar de
um texto bíblico e atribuir a ele um sentido diferente do sentido comum das
palavras. Essa prática é chamada de alegorização. Alegorizar é transformar as
palavras das Bíblia em figuras sujeitas aos mais diversos significados.
Esse problema não é novo. Durante muitos anos a
igreja sofreu com a variedade de sentidos que se davam à revelação de Deus nas
Escrituras. Durante a Idade Média, muitas imposições eram feitas ao texto
bíblico a fim de justificar algumas crenças de seus interpretes e da igreja
Católica.
A correta intepretação da Bíblia requer que comecemos
pelo caráter humano das Escrituras (1). As palavras que estão na Bíblia são revelações
de Deus dadas a homens inspirados em seus contextos históricos os quais
comunicaram essa revelação com um único sentido para os seus ouvintes. Com isso em
mente nos livraremos dos equívocos da alegorização.
Vejamos alguns cuidados que precisamos ter ao
fazer uma interpretação das Escrituras Sagradas.
ATENTE PARA AS PALAVRAS
QUE O AUTOR BÍBLICO USOU EM SEU TEXTO
Há meios de comunicar uma mensagem. Alguém pode
dizer oralmente o que deseja aos seus ouvintes. Certamente esse tipo de
comunicação é muito eficiente para aqueles que ouvem a mensagem pessoalmente
dos mensageiros, contudo, ela não terá a mesma eficiência quando passada de
pessoa para pessoa durante anos. Daí a necessidade de documentar essa
revelação.
Ao fazer a documentação da sua revelação Deus
não anulou a história e as experiências dos seus autores. Eles transmitiram a
vontade divina por meio das palavras que conheciam. Isso fica claro ao comparar
o estilo e as palavras que Paulo e Pedro usaram na comunicação da revelação. O
primeiro tem um estilo mais erudito, enquanto o segundo usa termos comuns. Deus
não alterou o conhecimento deles, antes se utilizou daquilo que eles sabiam para
comunicar sua vontade.
Ao ler a Bíblia observe cada palavra que os
autores bíblicos utilizaram. Elas foram intencionalmente usadas na
transmissão da vontade de Deus. Quanto mais você examinar os termos
determinando o seu uso, mais próximo você estará da mente do escritor bíblico (e da mente de Deus).
Além disso, uma boa interpretação da Bíblia
também leva em conta o contexto da passagem analisada.
ENTENDA O CONTEXTO DAS
PALAVRAS
O contexto é determinante para o significado de
uma palavra. Veja por exemplo o significado da palavra “manga” numa feira e
numa loja de roupas. Provavelmente se você ouvir alguém pedir por uma manga
numa feira logo saberá que se trata de uma fruta. Mas se, numa loja de roupas,
você ouvi alguém reclamando de uma manga curta logo saberá que nesse contexto ela
significa uma parte de uma camisa.
As palavras fora do seu contexto podem servir
de base para uma heresia, um erro doutrinário. Sendo assim alguém pode negar
até mesmo a existência de Deus com as próprias palavras da Bíblia. Veja o que é
dito no Salmo 53.1: “Não há Deus”. Sem levar em consideração que o salmista
afirma que é o insensato quem diz, alguém pode pegar essas palavras e usá-las
como prova do seu ateísmo.
Ao interpretar a Bíblia leia o que diz as
palavras anteriores e posteriores ao texto estudado. Em alguns casos, para se
ter um entendimento maior das palavras, leia todo o livro onde a palavra está.
É assim que garimpamos a intenção dos autores (e de Deus) ao nos transmitir a
mensagem.
Por fim, ao interpretar um texto saiba que ele
tem apenas um sentido.
BUSQUE O SENTIDO ÚNICO
DO TEXTO BÍBLICO
O texto bíblico deve ser analisado de forma
objetiva. Levando em consideração que ele tinha receptores específicos seu
significado será único para todos que usarem os mesmos critérios de
interpretação. Dessa forma livraremos as Escrituras de sofrer imposições
subjetivas como acontecem com aqueles que leem a Bíblia buscando um significado
que incentive suas decisões.
Em muitos lugares onde a Bíblia é utilizada apenas
para justificar as intenções dos seus interpretes o resultado são ensinamentos
bizarros e o distanciamento cada vez maior do Evangelho simples do nosso Senhor
Jesus Cristo.
O Evangelho de Cristo é único é devemos
entendê-lo segundo a intenção de Deus através dos seus autores. Qualquer
ensinamento que vá além do significado ensinado pelos escritores bíblico deve
ser considerado maldito. Como disse Paulo aos gálatas que estavam se inclinando
a outro evangelho: “Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que
vos chamou na graça de Cristo para outro
evangelho... Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos
temos pregado, seja anátema” (Gl. 1.6,8 – grifo nosso).
Sempre que a sua interpretação bíblica divergir dos significados já cristalizados tenha a humildade para investigar um pouco mais o
texto que você está analisando. Certifique-se de que os mesmos critérios estejam
sendo empregados para determinar o sentido do texto. Assim você perceberá as divergências
na interpretação.
CONCLUSÃO
A Bíblia é um livro divino e humano. Ela revela
a vontade de Deus em linguagem humana a fim de que cheguemos à compreensão do
grande amor de Deus por nós. Por isso, ao iniciarmos a interpretação das
Escrituras devemos levar em consideração o caráter humano do texto bíblico.
Dessa forma, nos livraremos dos erros da alegorização e a maldição de suas
heresias.
Lembre-se de deixar o seu comentário.
Até o próximo post!
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(1) Ver PACKER, J. I. Teologia concisa: síntese dos fundamentos históricos da fé cristã.
Campina: Luz Para o Caminho, 1998, p. 06.
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