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quarta-feira, 4 de abril de 2018

3 razões pelas quais você deve priorizar a pregação expositiva da Bíblia

A igreja de Cristo não pode andar distante da Palavra de Deus e ao mesmo tempo continuar fiel ao seu chamado. Nas Escrituras estão os princípios pelos quais ela deve reger sua vida nessa existência. Devemos ter consciência de que engenhosidade humana e o descaso para com a Palavra é uma fórmula certa na produção de todo tipo de falácia e engano.  

Para que esse perigo seja afastado de nossas igrejas precisamos nos comprometer com a proclamação fiel das Escrituras. Pregadores precisam ser treinados na exposição da Bíblia de maneira que igreja se alimente das Escrituras e cresça para a glória de Deus. Assim seremos capazes de ver o mundo pela ótica de Deus, e essa ótica é revelada na Palavra.

O sermão expositivo

Tradicionalmente são definidos três tipos de sermões: sermão temático, textual e expositivo. A diferença que há entre eles está na maneira com são estruturados. No sermão temático, o texto bíblico serve apenas para sugerir um tema ao pregador; no textual, a ideia é retirada de algum texto bíblico, porém seus argumentos e explicações são encontrados em outras partes das Escrituras. Nesses dois tipos de sermões o pregador não tem a preocupação em encontrar a ideia principal da passagem e como ela está estruturada. Isso é uma preocupação do sermão expositivo.

O sermão expositivo, embora seja tido como um tipo de sermão, é uma atitude que o pregador deve assumir diante do texto sagrado. Quando se decide pregar de forma expositiva assume-se o pressuposto de que cada passagem das Escrituras tem uma exortação de Deus ao seu povo e por isso cabe ao pregador expor o que está ali com a finalidade de fazer a voz de Deus ouvida na igreja.

Ao expor a Bíblia nós devemos nos lembrar do compromisso que Deus tem com a sua revelação. Por mais eloquente que seja o pregador e consiga cativar seus ouvintes, a pregação só será voz de Deus se o que for proclamado for aquilo que Deus deseja comunicar. Pois é por meio da pregação do Evangelho Bíblico que a voz de Deus ressoa no coração dos pecadores. Como disse o apóstolo Paulo: “E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (Rm. 10.17). Por tal motivo é que devemos nos esmerar na exposição das Escrituras a fim de que os homens ponham a sua fé na vontade de Deus pregada.

Gostaria de apresentar a você algumas razões pelas quais a pregação expositiva deve ser priorizada em nossos ministérios. Antes de prosseguir é importante que você compreenda que não estou limitando o ministério da pregação à forma de pregação expositiva. Acredito que há circunstâncias que vão exigir uma organização da pregação no tipo textual ou temática. Contudo, quando você tiver a possibilidade de escolher uma forma de pregar, sugiro que seja a expositiva. Vejamos então algumas razões para isso.

I. A EXPOSIÇÃO DA BÍBLIA NOS DÁ CERTEZA DE QUE SOMOS VOZ DE DEUS

Quando expomos o texto Bíblico fielmente podemos ter a certeza de que a voz de Deus foi ouvida pela congregação. Essa convicção da fé que temos nas Escrituras como Palavra de Deus. Nela temos a revelação especial de para nós. Assim sendo, ouvimos a voz de Deus quando ouvimos a Palavra de Deus. Qualquer acréscimo à revelação de Deus é um acréscimo diabólico e maldito. Como disse Paulo à igreja: “Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema” (Gl. 1.8).

A Bíblia Sagrada nos mostra que Deus age por meio de sua Palavra. Sempre que ele fala uma ação acontece e as circunstâncias são modificadas. Na criação do universo ele disse: “... Haja luz; e houve luz” (Gn. 1.3). As palavras que saem de sua boca são sempre acompanhadas de resultados reais. Ainda nos diz Isaías 55.10-11: “Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus e para lá não tornam, sem que primeiro reguem a terra, e a fecundem, e a façam brotar, para dar semente ao semeador e pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei”. Ao expor o texto sagrado temos a certeza de que a voz de Deus cumprirá o seu propósito.

O impacto da Palavra de Deus na vida dos nossos ouvintes nem sempre são visíveis de imediato. Ela opera no coração do homem, e nesse lugar só Deus é capaz de ver. Porém, ao expor com fidelidade a vontade de Deus podemos ter a plena certeza de que ela, de uma forma poderosa, está operando no coração dos nossos ouvintes. Naqueles dias que você julga que a tua pregação não foi das melhores, lembre-se que o poder de Deus está na Palavra dele, mesmo que você não tenha tido um bom desempenho no púlpito. O pregador expositivo sempre tem seu coração animado pelas Escrituras, pois há dias em que a simples exposição dela causa grandes mudanças na vida das pessoas que nos ouvem.

A pregação expositiva nos dá a certeza de que somos voz de Deus diante dos nossos ouvintes. Além disso, podemos ter a convicção de que os propósitos de Deus serão realizados na vida do seu povo. Os dois fatos estão juntos. Se é Deus quem fala, nada pode impedir o que ele deseja realizar.

II. A EXPOSIÇÃO DA BÍBLIA ALCANÇARÁ O PROPÓSITO DE DEUS

Qual o propósito da Palavra de Deus? Essa é uma pergunta que devemos ter em mente ao avaliar os resultados da nossa pregação. A Bíblia nos foi dada por Deus para que sejamos aperfeiçoados no exercício de sua vontade. Ao meditar nas Escrituras e obedecê-las nós nos amoldamos àquilo que Deus deseja para nossas vidas. Dessa forma a vontade do Pai celestial é realizada em nossas vidas.

O apóstolo Paulo ao instruir Timóteo acerca da Palavra, disse: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Tm. 3.16-17 – grifo nosso). A Palavra de Deus deve ser proclamada para que o seu povo seja aperfeiçoado. Esse aperfeiçoamento é medido pela vida de Cristo na igreja. Quanto mais parecidos com Cristo mais próximo da perfeição nós estamos. O pregador deve ter isso em mente.

Infelizmente aquilo que tem sido chamado de pregação em nossos dias anda distante do propósito de Deus. Os desejos dos ouvintes muitas vezes tem assumido a proeminência em muitos púlpitos. Pregadores que descobriram como ganhar de forma fácil a audiência dos seus ouvintes anunciam uma palavra que não cumpre o propósito de Deus. A preleção deles não anuncia a vontade de Deus em Cristo. O resultado são crentes amantes do mundo e dos seus prazeres e aquém da vida de Jesus. A pregação da Palavra de Deus anuncia a Cristo como o centro para onde todas as coisas do universo, inclusive as nossas vidas, devem convergir.

Se você tem sido fiel ao que Deus deseja comunicar ao seu povo, descanse o seu coração no agir de Deus na vida dos seus ouvintes. Vigie para que o teu coração não confie mais no seu desempenho do que no Espírito de Deus, que age por meio da Palavra. O Espírito Santo é quem cuidará para que as palavras que você expõe resultem em vida.

Por fim, a glória de Deus em Cristo é vista na exposição do texto sagrado. A mente humana é incapaz de descrever a beleza de Deus. Contudo, quando anunciamos fielmente a Cristo Jesus nossos ouvintes estão diante da glória do Pai.

III. A PREGAÇÃO EXPOSITIVA REVELA A GLÓRIA DE DEUS EM CRISTO

Ninguém jamais viu a Deus, porém aqueles que têm o seus olhos abertos para verem quem de fato é Jesus podem ver a glória do Pai. Ele nos revela o amor e toda a sabedoria de Deus. Os incrédulos não conseguem ver isso, pois seus olhos estão tampados. Paulo disse: “Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se perdem que está encoberto, nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus” (2 Co. 4.3-4). Ou seja, os incrédulos não conseguem ver a revelação de Deus em Cristo Jesus.

A pregação expositiva deve levar os ouvintes a verem o “evangelho da glória de Cristo”. Toda a Bíblia aponta para Jesus. A lei revela a caráter de Cristo; as poesias e provérbios revelam a sabedoria de Cristo; os profetas anunciam o reino de Cristo etc. Como bem ensina Chapell (2016), a pregação expositiva deve ser “pregação cristocêntrica”. É expondo a Palavra de Deus com fidelidade que Cristo brotará no meio da cada explicação. E assim, quando ele aparece Deus também aparece, pois ele é a imagem de Deus. É dessa forma que a glória divina é revelada e o pregador expositivo deve expor isso com maestria para que Cristo seja adorado.

O apóstolo Paulo nos diz que Cristo abriu mão de sua glória e veio a esse mundo como servo (v. Fp. 2.5-11). Com isso ele nos mostra a profunda humildade do nosso Senhor. Mesmo sendo o Criador do universo, infinito e sublime em glória, esteve entre nós como servo de todos. Serviu-nos com a sua vida na cruz do Calvário. Naquele pobre homem de Nazaré poucos eram os que conseguiam vê a glória de Deus. Mas foi plano do Pai que a sua humilhação precedesse a revelação da sua glória. Tudo o que ele sofreu foi para todos confessem “que Jesus Cristo é Senhor, para a glória de Deus Pai” (v. 11).

Portanto, é o Cristo humilhando e exaltado que deve está em cada exposição da Bíblia Sagrada. Você encontrará aspectos da humilhação e exaltação dele em cada passagem que decidir pregar. Isso deve ser anunciado a fim de que glória seja dada ao Filho de Deus que nos salvou, Jesus.

CONCLUSÃO

Se me perguntassem: qual o tipo de sermão a igreja dos nossos dias mais necessita? Sem sombra de dúvida eu responderia: o sermão que exponha fielmente a palavra de Deus. A explicação e aplicação das Escrituras nos faz voz de Deus à nossas congregações. É dessa forma que o Pai cumpre o seu propósito na vida dos nossos ouvintes e o evangelho de Cristo é proclamado integralmente.

Portanto, esforce-se para expor todo o conselho de Deus. Não deixe que os desejos da multidão faça da sua pregação um meio de massagem para o ego. Seja consolo, quando houver necessidade, mas também seja martelo que quebra os corações endurecidos pelo pecado. Para isso, exponha com fidelidade a vontade de Deus.

Referências:

CHAPELL, Bryan. Pregação Cristocêntrica. 3 ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2016.  

Um comentário:

  1. Eu costumo no início da mensagem, dizer qual o tema da mensagem que estarei pregando, isto é coerente??

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