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terça-feira, 2 de outubro de 2018

Exposição e aplicação da passagem bíblica



A pregação envolve basicamente a interpretação teológica de uma passagem bíblica e aplicação à vida dos ouvintes. A teologia deve ser estudada com o objetivo de levar as pessoas a se conformarem com o que Deus espera delas. Logo, uma exposição teológica é uma convocação à conformidade com a vontade de Deus. Essa conformidade é vista na ação da igreja em relação ao que foi dito na pregação.

O pregador deve ter o cuidado de não se limitar a demonstrar aspectos exegéticos e teológicos de um texto bíblico em sua pregação. Isso seria um grave erro, pois abandonaria o propósito máximo das Escrituras que é transformar vidas para que estas adorem fielmente a Deus através de Jesus Cristo. Isso seria o mesmo que um médico descrever a fórmula de um medicamento, contudo sem aplica-la ao doente. A cura só é possível se o remédio for aplicado de forma correta à vida do doente.

Ao expor as Escrituras o pregador adota dois passos: a exposição da teologia da passagem que vai pregar e como aquela teologia se aplica à vida dos seus ouvintes. Na primeira parte ele explica de que forma aquilo que está no texto bíblico revela algo do relacionamento de Deus com o seu povo. Por exemplo: ao pregar no texto de Tg. 1.22-25 percebemos que Deus deseja que os ouvintes de sua vontade busquem vivenciá-la (princípio teológico da passagem). Ou seja, é isso que o texto de Tiago ensina. No segundo momento, o pregador deve aplicar essa teologia à vida dos seus ouvintes.

A aplicação deve está fundamentada no texto bíblico. A Bíblia é a autoridade por trás das palavras do pregador. Sendo assim, quando o principio: Deus deseja que os ouvintes de sua vontade busquem vivenciá-la é aplicado, os ouvintes são levados a responder a uma série de questionamentos que o princípio levanta: temos ouvido e praticado a palavra de Deus? As minhas leituras da Bíblia tem resultado em ações práticas na minha vida? Que comportamentos tenho aprendido depois que ouço ou leio a Palavra de Deus? etc.

Diante do que foi dito acima, o percurso de toda pregação deve ser: separar um perícope para a pregação, expor a teologia da perícope e aplicar o princípio teológico à vida dos ouvintes. Através desse caminho o texto bíblico se torna a fonte da pregação e a autoridade por trás da aplicação do pregador. É importante observar que um estudo teológico superficial prejudicará a interpretação da passagem e, consequentemente, a sua aplicação à vida das pessoas. Para não se enveredar por esse caminho o pregador deve antes de aplicar fazer uma boa interpretação do texto bíblico.

Como bem disse Weaver (1970, p. 211): “O retórico honesto, portanto, tem duas coisas em mente: uma visão de como as coisas devem ser ideal e eticamente e um consideração das circunstâncias especiais dos seus ouvintes. Ele tem responsabilidade em ambas”. Ou seja, ao pregar a palavra de Deus o pregador revela o ideal revelado por Deus em sua palavra. Kuruvilla (2017) chama isso de o “mundo do texto”, o mundo ideal no qual os pecadores precisam se conformar a fim de renovarem sua aliança com Deus. A exposição do mundo ideal de Deus se torna relevante aos ouvintes quando o pregador faz a devida aplicação do princípio às circunstâncias especiais dos seus ouvintes. Nesse caso o pregador terá que ter a sensibilidade para perceber os caminhos que tentam seduzir os seus ouvintes e tentar subverte-los por meio de sua mensagem.

Portanto, que a dedicação ao estudo teológico das Escrituras Sagradas nos leve à aplicação dos princípios eternos de Deus à vida dos ouvintes contemporâneos. Assim, cumpriremos o propósito da pregação bíblica e mostraremos aos nossos ouvintes o que Deus espera de todos que desejam ter a sua aliança com Ele renovada.

REFERÊNCIAS

WENHAM, Gordon J. Language is sermonic: Richard M. Weaver on the nature of rhetoric. Org. Richard L. Johannesen, Rennard Strickland e Ralph T. Eubanks. Louisiana: State University Press, 1970.

KURUVILLA, Abraham. O texto primeiro: uma hermenêutica teológica para a pregação. São Paulo: Cultura Cristã, 2017.  

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