A pregação
envolve basicamente a interpretação teológica de uma passagem bíblica e aplicação
à vida dos ouvintes. A teologia deve ser estudada com o objetivo de levar as
pessoas a se conformarem com o que Deus espera delas. Logo, uma exposição
teológica é uma convocação à conformidade com a vontade de Deus. Essa
conformidade é vista na ação da igreja em relação ao que foi dito na pregação.
O pregador
deve ter o cuidado de não se limitar a demonstrar aspectos exegéticos e teológicos
de um texto bíblico em sua pregação. Isso seria um grave erro, pois abandonaria
o propósito máximo das Escrituras que é transformar vidas para que estas adorem
fielmente a Deus através de Jesus Cristo. Isso seria o mesmo que um médico descrever a fórmula de um medicamento, contudo sem aplica-la ao doente. A cura só é
possível se o remédio for aplicado de forma correta à vida do doente.
Ao expor as
Escrituras o pregador adota dois passos: a exposição da teologia da passagem
que vai pregar e como aquela teologia se aplica à vida dos seus ouvintes. Na
primeira parte ele explica de que forma aquilo que está no texto bíblico revela
algo do relacionamento de Deus com o seu povo. Por exemplo: ao pregar no texto
de Tg. 1.22-25 percebemos que Deus deseja que os ouvintes de sua vontade
busquem vivenciá-la (princípio teológico da passagem). Ou seja, é isso que o
texto de Tiago ensina. No segundo momento, o pregador deve aplicar essa
teologia à vida dos seus ouvintes.
A aplicação
deve está fundamentada no texto bíblico. A Bíblia é a autoridade por trás das
palavras do pregador. Sendo assim, quando o principio: Deus deseja que os
ouvintes de sua vontade busquem vivenciá-la é aplicado, os ouvintes são levados
a responder a uma série de questionamentos que o princípio levanta: temos
ouvido e praticado a palavra de Deus? As minhas leituras da Bíblia tem
resultado em ações práticas na minha vida? Que comportamentos tenho aprendido depois
que ouço ou leio a Palavra de Deus? etc.
Diante do
que foi dito acima, o percurso de toda pregação deve ser: separar um perícope
para a pregação, expor a teologia da perícope e aplicar o princípio teológico à
vida dos ouvintes. Através desse caminho o texto bíblico se torna a fonte da
pregação e a autoridade por trás da aplicação do pregador. É importante
observar que um estudo teológico superficial prejudicará a interpretação da
passagem e, consequentemente, a sua aplicação à vida das pessoas. Para não se
enveredar por esse caminho o pregador deve antes de aplicar fazer uma boa
interpretação do texto bíblico.
Como bem
disse Weaver (1970, p. 211): “O retórico honesto, portanto, tem duas coisas em
mente: uma visão de como as coisas devem ser ideal e eticamente e um
consideração das circunstâncias especiais dos seus ouvintes. Ele tem
responsabilidade em ambas”. Ou seja, ao pregar a palavra de Deus o pregador
revela o ideal revelado por Deus em sua palavra. Kuruvilla (2017) chama isso de
o “mundo do texto”, o mundo ideal no qual os pecadores precisam se conformar a
fim de renovarem sua aliança com Deus. A exposição do mundo ideal de Deus se
torna relevante aos ouvintes quando o pregador faz a devida aplicação do
princípio às circunstâncias especiais dos seus ouvintes. Nesse caso o pregador
terá que ter a sensibilidade para perceber os caminhos que tentam seduzir os
seus ouvintes e tentar subverte-los por meio de sua mensagem.
Portanto,
que a dedicação ao estudo teológico das Escrituras Sagradas nos leve à
aplicação dos princípios eternos de Deus à vida dos ouvintes contemporâneos.
Assim, cumpriremos o propósito da pregação bíblica e mostraremos aos nossos ouvintes
o que Deus espera de todos que desejam ter a sua aliança com Ele renovada.
REFERÊNCIAS
WENHAM, Gordon J. Language
is sermonic: Richard M. Weaver on the nature of rhetoric. Org. Richard L.
Johannesen, Rennard Strickland e Ralph T. Eubanks. Louisiana: State University
Press, 1970.
KURUVILLA,
Abraham. O texto primeiro: uma
hermenêutica teológica para a pregação. São Paulo: Cultura Cristã, 2017.
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