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terça-feira, 9 de janeiro de 2018

O que o avivalista Leonard Ravenhill pode nos ensinar sobre a "pregação fervorosa"

Uma pregação virtuosa é o meio termo entre ensino e paixão. Como disse Lutero, “o diabo vive nos extremos”. Os nossos púlpitos precisam está saturados da Palavra de Deus e do calor do Espírito em nossos corações.

O avivalista Leonard Ravenhill se voltou para o Novo Testamento a fim de avaliar o que falta aos pregadores contemporâneos para que se tornem proclamadores avivados da Palavra de Deus. 

Explicarei alguns pensamentos do Ravenhil e por fim farei algumas considerações.

POR QUE NOS FALTA PREGADORES FERVOROSOS, SEGUNDO RAVENHILL? (1)

Assim como o primeiro passo para buscar a cura é reconhecer a doença, os pregadores precisam perceber que o problema de suas pregações está neles mesmos. A falta de fervor, lamentavelmente, tem sido a marca de muitas pregações. Há muita luz e pouco calor na igreja dos nossos dias.

Segundo Ravenhill a pregação deve comunicar o poder do mundo vindouro. Isso implica em poderes espirituais capazes de abalar a nossa geração, como fez Paulo. Cidades eram abaladas com a pregação do evangelho que ele levava. Era uma mistura de poder de Deus e ensino da Palavra. Com isso ele foi odiado por alguns a ponto de sofrer duras penas por causa do evangelho. Os pregadores atuais precisam avaliar as suas pregações à luz de homens como Paulo.
Os pregadores já não choram mais pelas razões que tornam o mundo detestável. A primeira lágrima a ser derramada deveria ser por eles mesmos, pois não sentem vergonha da mediocridade de suas pregações. Os pregadores não podem se contentar em ter pregações que falem a mente sem ardor no coração. Não era assim entre os primeiros proclamadores do evangelho. Isso se perdeu nas pregações dos nossos dias.

Não há lágrimas pelos perdidos, por aqueles que estão debaixo da ira de Deus. A preocupação de muito pregadores é tão egoísta que já não derramam lágrimas por aqueles que se enlambuzam no pecado. Falta lágrima pelas almas que caminham para o inferno. Onde está o amor dos pregadores?

Quantas vezes você derramou lágrimas pelo monopólio que o diabo tem assumido em nossos dias? Ele tem ditado o modo de vida das famílias, tem deturpado os relacionamentos entre os homens, tem manchado a criação de Deus. Os pregadores parecem acostumados com isso e suas pregações não atacam esse quadro vigente.

Se fosse possível experimentar o Pentecostes hoje, como foi nos dias da igreja primitiva, os pregadores dos nossos dias certamente não suportariam. Alguns eventos que ocorreram naqueles dias fariam muitos pregadores dos nossos dias fugirem de suas responsabilidades. 

A morte de Ananias e Safira, por exemplo, levaria muitos à prisão debaixo da acusação de homicídio - um pregador preso por causa de uma ação do Espírito Santo. Ou ainda, processados por colocar alguém em estado de cegueira, como foi o caso de Elimas (ver At. 13.4-12). Muitos pregadores dos dias atuais não estão preparados para isso.

E se o Espírito Santo derrubasse alguém ao chão, será que os pregadores contemporâneos suportaria ver tal atuação sobrenatural?

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A PERSPECTIVA DO LEONARD RAVENHILL

Ravenhill fez um contraste entre a igreja dos seus dias com aquilo que viveu a igreja primitiva. Ele não vê a atuação do Espírito Santo como algo restrito ao início da igreja. Essa perspectiva é chamada em teologia de continuísta. 

Contudo, ele não se julga um pentecostal, que aspira repetir o derramamento do Espírito Santo como foi no dia de Pentecostes. Muito menos centraliza o culto em manifestações sobrenaturais.

Seu desejo é associar a ação poderosa do Espírito Santo à pregação da Palavra. Ele ensina que isso é fundamental para que haja pregadores fervorosos. O meio termo entre os sinais da era vindoura produzidos pelo Espírito e a pregação é capaz de impactar poderosamente uma geração, como foi com os primeiros apóstolos.

Certamente Ravenhill não encontrará apoio entre aqueles que limitam alguns dons do Espírito Santo ao contexto da igreja primitiva, os chamados de censsacionistas. Entretanto, a esses é válida a preocupação dele com a falta de homens que ensinem o evangelho com coragem e piedade. 

Para superar esse marasmo nos púlpitos dos nossos dias ele propõe que os pregadores busquem em suas orações mais poder do Espírito Santo e assim as suas vidas além de mostrarem piedade serão capazes de abalar a sociedade com a pregação do evangelho de Cristo.

É notório o crescimento do conhecimento em detrimento da vida piedosa em alguns círculos cristãos. O saber muitas vezes tem sufocado a vida virtuosa produzida pelo real conhecimento de Deus. 

Por outro lado, os que buscam uma vida piedosa criticam a busca do conhecimento, acariciando a ignorância. Dessa forma se entregam a todo tipo de experimentalismo e misticismo. Isso também não é saudável. 

Acredito que o clamor de Ravenhill nos chame ao equilíbrio entre as duas facetas essenciais da vida cristã, ensino e paixão. Remediando-nos com aquilo que ele nos diz é possível que resgatemos o real fervor do Espírito Santo em nossos púlpitos.

Desejo que esse artigo lhe seja edificante. Deixe-nos o seu comentário e compartilhe.

Até o próximo post!

Veja também:Aprendendo a pregar com Jonathan Edwards (Clique aqui)

NOTAS:

(1) As partes em negrito são ideias do Leonard Ravenhill em seu livro “Por que tarda o pleno avivamento” (p. 59-62). RAVENHILL, Leonardo. Por que tarda o pleno avivamento? Venda Nova: Editora Betânia, 1989. 

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